quinta-feira, 19 de junho de 2008

Conto de fadas

Um dia ela acordou, abriu a janela e se apaixonou pelo sol. Seus olhos brilharam, desse jeito bem piegas, como de qualquer pessoa apaixonada. Logo ela, que tinha tudo, mas todas as manhãs acordava triste. Logo ela, que era tão controlada e segura de si. Descontrolou.
Saiu pela rua e olhou para tudo que acontecia a sua volta. Carros, pessoas, plantas, roupas, asfalto, prédios, vidros, sapatos, pegadas, poças, folhetos, anúncios, pinturas, muros, faixas... e tudo mais que só ela podia ver daquele jeito. Sentou na praça em frente a sua casa e olhou para o sol.
Ficou ali olhando para o sol até ele ir embora. Quando isso aconteceu, ela voltou para casa e sentiu a tristeza de se perder uma paixão. Porém, por mais incrível que pareça, a tristeza a deixou feliz. Era a primeira vez que sentia tanta coisa num único dia.
Nesse exato momento, ela se deu conta de que não importava se teria o sol ou não. Nem todo conto de fadas tem um final feliz, o dela não precisava ter também. Ela só precisava ter ela mesma e todas as coisas do mundo, do jeito que elas são, no lugar em que elas estão. E isso bastava. E isso era a felicidade.
Puxou o cobertor da cama, ajeitou o travesseiro e foi fechar a janela. Foi quando ela olhou para o céu e se apaixonou pela lua.

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